sábado, 24 de janeiro de 2015

Livro "Agnes Grey" de Anne Brontë

Anne Brontë é a mais nova das irmãs e escreveu dois romances: Agnes Grey e A moradora de Wildfell Hall. A versão de Agnes Grey que li foi editada com o título de "A preceptora" e é da Clube do Livro.
"Agnes Grey" é um livro um tanto singelo, mas com um crítica: o trabalho das preceptoras e seus desafios na casa de famílias abastadas. Não encontramos o mistério presente na obra de suas irmãs, paixões desenfreadas como em "Wuthering Heights" ou o ar gótico presente em "Jane Eyre". Porém há muito de Anne em Agnes: ambas foram preceptoras por não quererem ser um fardo para seus pais, Anne gostava muito de desenhar, talento que emprestou a irmã de Agnes, Mary Grey.
A personagem título, após problemas financeiros que abatem sua família, cujo pai - um pobre pároco - resolve investir o pouco que possui em um negócio que não dá certo, decide partir, se tornando uma preceptora na casa de Mr. e Mrs. Bloomfield na propriedade de Wellwood. Ela acredita que seus princípios morais possam ser compartilhados com seus alunos, e qual não é a sua decepção quando se vê em uma casa onde seu trabalho não é reconhecido e a maioria dos problemas que abatem as crianças é vista como culpada. Não há ajuda dos pais: ela não pode repreendê-los severamente, já que tampouco os púpilos a obedecem. Sua primeira tentativa é frustada, e como Mrs. Bloomfield acredita que seus filhos são bons e Agnes é quem exerce má influência, é dispensada. Após algum tempo consegue um novo emprego na propriedade dos Murray, onde conhece o pároco Edward Weston nas redondezas.

A obra nada mais é que uma crítica à vida das preceptoras e o descaso que sofriam. É algo gritante: seu isolamento, sua estagnação. Sempre que recordo "Agnes Grey" me vem à mente "Jane Eyre". A situação inicial é diferente (Jane é orfã), assim como todo o enredo, mas Jane parte para Thornfield Hall como preceptora. É engraçado comparar os tratamentos distintos que recebem: Jane é acolhida com simpatia por Mrs, Fairfax, assim como constrói uma boa relação com sua púpila Adéle. Agnes ao contrário enfrenta todos os tipos de contrariedades, principalmente na primeira residência em que prestou serviços (vale ressaltar que enquanto Jane possuía apenas uma aluna, Agnes contava com vários, e também não havia nenhum Edward Rochester...). Entrando na questão do romance, Agnes não se apaixona por nenhum homem misterioso, vingativo, obscuro (leia: Heathcliff e Mr. Rochester), mas por um pároco, Edward Weston, bondoso e amável. Entretanto ela crê que ele possui afeição por uma de suas belas púpilas, Rosalie Murray.
Gosto muito dos cenários que Agnes descreve, Para falar a verdade, um dos mais belos que já imaginei, as passagens em que descreve a natureza do lugar são belíssimas.
Foi um livro que li em apenas dois dias, mas que me encantou muito. Gostei de sua sutileza que esconde uma crítica muito válida. Adoro Agnes, e mesmo preferindo a selvagem e mimada Cathy e a força de espírito de Jane, ela me é muito querida.

PS: Ainda não li o outro livro de Anne, "A moradora de Wildfell Hall, mas já estou providenciando. Estou para assistir também a versão em minissérie que a BBC fez do livro, que conta com ninguém mais ninguém menos que Toby Stephens, meu Rochester preferido!

Beijos e boas leituras!

Um comentário:

  1. Gostei muito de sua descrição, espero que olhe meu blog:http://prosaversoepensamento.blogspot.com.br/
    Espero comprar esse livro futuramente, estou adorando "Jane Eyre" e já providenciei "Morro dos ventos uivantes". Tenha ótima leitura do próximo.

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