quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (2006)

Adaptações em formato de minissérie são mais vantajosas para os espectadores, já que por possuírem mais tempo disponível, elas abrangem mais aspectos da obra. É por isso que de praxe as melhores versões são as que possuem esse formato. É certo que a escolha de atores que consigam transmitir as personalidades dos personagens do livro é um fator de peso, assim como uma boa trilha sonora. A minissérie "Jane Eyre" da BBC possui pontos positivos em todos os aspectos. Nos papéis principais, Ruth Wilson e Toby Stephens.

Toby Stephens e Ruth Wilson

Como essa é minha versão de "Jane Eyre" favorita, temo cair em algo raso, sem argumentos que provem que essa é uma das atuações mais belas que já tive o prazer de contemplar. Farei o possível para não.
Começando pela infância de Jane, acredito que poderia ter sido mais bem cuidada. Por se tratar de uma série, creio que mais tempo para essa cena não seria mau, já que é parte importante na construção do caráter de Jane. As partes do quarto vermelho, sua partida para Lowood são muito rápidas. A adaptação de 1983 (com Timothy Dalton e Zelah Clarke) explora bem mais os primórdios, aqui há uma escalação razoável das intérpretes mirins, mas de modo geral sintetiza o que acontece.
A interpretação de Ruth merece aplausos. É minha Jane perfeita. O que me agrada muito é que, quando leio o livro, mesmo que Jane não seja bonita, imagino que quando sorri seu rosto se ilumina e fica relativamente belo e a atriz consegue transpor isso: quando sorri Ruth fica belíssima. É recatada, mas não muito calada (achei a Jane de 2011 tão quieta!). 
A química entre os dois atores é incrível, e quando Toby entra em cena é impossível não se apaixonar. É impossível achá-lo feio, mas o Rochester de Toby é muito bem feito. Sarcástico, ácido, apaixonado. Um riso incrível.

Toby Stephens

O mistério com Grace Poole é bem trabalhado, as indagações de Jane são presentes. Os diálogos entres os personagens principais são incríveis. Tudo é muito bem trabalhado, apesar de algumas alterações no roteiro. Blanche Ingram foi bem interpretada por Christina Cole (qual o motivo de todas serem loiras? Blanche é morena!). A passagens em que Jane acredita que Edward irá se casar com Blanche são as que mais espero em uma versão, além da cena do pedido de casamento.
Falando em pedido de casamento, essa é a cena mais perfeita do filme e de todas a versões já feitas. Muita emoção! Ao contrário da versão de 1996 (com William Hurt e Charlotte Gainsbourg) que achei extremamente fria, Ruth nos entrega uma Jane com emoções à flor da pele.


A única parte que não me agrada, e isso acontece na maioria dos filmes e séries (exceto a de 2011 que gostei muito) é quando após o casamento frustado, Jane expõe que decide partir. Geralmente é mal explorada e nessa versão, em minha opinião, peca pela sensualidade.
Bertha, a "louca do sotão", está muito bem (se possível). Ela é louca, quando Rochester apresenta sua mulher à todos, é devidamente louca, mas está decente (vejam a Bertha da versão de 1997 - o que é aquilo?). Mostra sua sensualidade, o que tanto desejou Rochester.

A Bertha decente

Ainda tenho que assistir a versão de 1973 - que por muitos é considerada a melhor - mas por enquanto, a versão de 1983 é a mais fiel ao livro, enquanto a de 2006 tem as melhores interpretações. Acredito que se o roteiro de 1983 tivesse como atores os de 2006, seria a versão perfeita, nem precisaria de outra!

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