sábado, 24 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (1996)

A versão de hoje é a de 1996, com direção de Franco Zeffirelli. Charlotte Gainsbourg e William Hurt fazem os papéis principais. Não há uma versão de "Jane Eyre" que eu tenha assistido até hoje que tenha odiado. Sempre há uma parte que gosto mais em uma, outra que gosto mais em outra e assim por diante. Tenho um caso de amor e ódio com a versão de 1996: algumas coisas me agradam, alguns cortes acho imperdoáveis.
ATENÇÃO: HÁ SPOILERS

Charlotte e William (essa imagem é a capa da edição do livro "Jane Eyre" pela editora Paz e Terra)

Já li muitas críticas contra o Rochester de William Hurt. Quando assisti o filme pela primeira vez e era a segunda versão que havia assistido de "Jane Eyre", eu gostei. Como só conhecia o Rochester de Michael Fassbender e não havia muito para comparar, achava os dois no mesmo nível (ressaltando que depois de assistir várias vezes a versão de 2011, acho que Michael é um Rochester melhor que Hurt). Após começar a procurar ver todas as versões possíveis do livro e compará-las entre si voltei a versão de 1996, e quanta diferença!
Anna Paquin está muito bem interpretando Jane quando pequena e também gostei da escolha da atriz que interpreta Helen Burns. Geralmente gosto das atrizes mirins, elas conseguem traduzir bem os conflitos de Jane. Mesmo que a maioria dos filmes torne essa passagem muito rápida, sintetizam relativamente bem. Nessa versão há Mrs. Temple, o que me agrada muito.

Anna Paquin

Não acho que Hurt seja um Rochester detestável, mas está longe de ser o melhor (para mim, Toby Stephens). O problema, e eu já vi este tipo de dedução em vários sites, é que ele parece um bêbado deprimido, sempre com aquele copo de bebida em situações desnecessárias. Acho que ele não entendeu muito bem o que o personagem pedia.
Charlotte às vezes me agrada, outras não. Pra falar a verdade a única coisa que não gosto nela é aquela maneira de falar, aquele sotaque estranho. Mas como personalidade, uma Jane contida, que guarda suas emoções.
Vamos aos erros imperdoáveis: a cena que mais aguardo é a cena do pedido de casamento. É o ponto em que dá para perceber se a escolha dos atores foi primorosa, afinal é uma das partes em que os sentimentos estão à flor da pele. Nessa versão tudo é frio demais, não há sentimento, e Jane o chama de estúpido (?). Eu sei que não há cem por cento de compatibilidade com o livro, mas qual o motivo de uma fala assim? Acaba com toda a coisa!
Outro erro que não suporto é quando Jane foge: Thornfield já está pegando fogo quando ela vai embora e a carruagem já para na casa dos Rivers e ela desmaia (?). Eu não sei o que acontece, mas muitas versões ignoram o fato de Jane perambular por vários dias antes de ser encontrada por St. John. Qual o problema com isso?
A versão de 1996 peca nesses pontos: a atuação de Hurt, as omissões - e acréscimos - na parte em que Jane conhece os Rivers (aqui St. John cuida das finanças de Mrs. Reed) e a falta de sentimento. Não é a minha versão preferida, nem de longe, mas aqui no Brasil creio ser uma das mais conhecidas.

Jane retorna
Uma cena que espero sempre é quando Jane retorna, amo de paixão. Infelizmente muitas versões não mostram Jane e Rochester com seus filhos, felizes, nem falam que ele recupera a visão de um dos olhos, mas aqui há uma breve fala de Jane relatando os acontecimentos. Me lembro de ter visto essa cena (não só comentada) só nas versões de 2006 e 1997. 
Para quem é fã de Jane Eyre e quer assistir todas as versões, recomendo. Para quem quer o máximo de fidelidade, recomendo as séries da BBC de 1973, 1983 e 2006.


Nenhum comentário:

Postar um comentário